domingo, 14 de novembro de 2010

Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est

Dia 31 de outubro comemoramos o Dia da Reforma Protestante enquanto o mundo festejava o diabólico dia da bruxas. O dia da Reforma Protestante é muito significativo e tem grande importância, pois foi o divisor de águas na história do Cristianismo.

"A Igreja é reformada e está sempre se reformando", esta é a tradução da expressão que dá título a este texto. Ela é utilizada para identificar e resumir as marcas da reforma protestante, juntamente com os 5 solas (Sola Fide, Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Gratia e Soli Deo Gloria), porém nem todos os herdeiros da reforma entendem a expressão da mesma maneira.

Temos visto muitas denominações evangélicas considerando o "sempre se reformando", como um moto para introduzir mudanças, adequando o culto, as doutrinas e as vezes a própria Bíblia ao gosto do cliente, digo, dos fiéis.

Por essa razão nós devemos avaliar sempre se as reformas que estão acontecendo dentro de nossas igrejas seguem a mesma idéia da reforma protestante do séc. 16. A reforma proposta a partir de Lutero, com suas 95 teses afixadas na porta da capela de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517, propunha um debate com os teólogos católicos sobre penitência, indulgências e salvação pela fé, ou seja, propunha uma aproximação das doutrinas contidas na palavra de Deus. Seria uma aproximação da Bíblia e de tudo que ela ensina.

Será que as mudanças propostas pelas muitas denominações evangélicas aproximam os fiéis do ensino bíblico? Precisamos ficar atentos às novidades que se apresentam a nós, como se fossem boas novas, pois podem ser enganos para nos afastar da verdadeira adoração. O Rev. Augustus Nicodemos diz em seu livro "O que estão fazendo com a Igreja", p.194: "Não preciso dizer que acredito que verdadeiros reformados estão sempre abertos para mudar, desde que essa mudança implique abandonar crenças e práticas erradas e adotar outras mais de acordo com a Bíblia. Quem vive se reformando teologicamente, por acreditar na evolução da verdade, não é reformado, mas reformista."

Nesse sentido, precisamos como igreja e individualmente, buscar o "sempre se reformando", nos aproximando cada vez mais da palavra de Deus e de uma vida cristã prática e não apenas teórica. Vamos acabar com o "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço", a expressão deve ser "Faça o que eu digo e faça o que eu faço".

Soli Deo Gloria.

Cristo, fundamento e cabeça da Igreja

“Ora, vós sois corpo de Cristo e seus membros em particular”. - I Co 12.27

O apóstolo Paulo, na sua primeira epístola aos Coríntios 12. 12-31, nos afirma que, apesar da experiência salvífica ser única e individual, as nossas ações, a partir desse momento, devem ser coletivas, no mesmo corpo, a igreja, sem distinção de valores pessoais no que diz respeito às nossas posses materiais e intelectuais. O corpo a que Paulo se refere é o de Cristo, pois “não vivemos mais, mas Cristo vive em nós”. Afirma ainda, em outra passagem, que Cristo é a pedra angular, o fundamento, o alicerce do corpo, isto é, da igreja. Seguindo esse raciocínio em Efésios 4.15-16, diz que Cristo é o cabeça da igreja, portanto o mentor intelectual das nossas ações, não que sejamos manipulados por Cristo, e sim orientados a meditar dia e noite nos seus mandamentos, os quais irão nos ajudar a desenvolver a nossa santificação.

Infelizmente, não é isto que temos visto na igreja. O fundamento não tem sido Cristo, e, sim, as curas, a prosperidade, os interesses pessoais, o crescimento numérico e, muitas vezes, o próprio líder da comunidade tem sido o fundamento. Não é mais Cristo que nos orienta, não somos mais dependentes de Cristo, e, sim, detentores de poder para determinar o que queremos e como queremos. A soberania de Jesus é usurpada, a nossa relação com a Trindade passa a ser uma relação comercial, isto é, seremos submissos ao Deus Triúno se em troca recebermos as bênçãos.

Somos realmente o corpo de Cristo, onde Ele é o fundamento, onde é Ele quem nos faz andar altaneiramente. Se Ele é o nosso cabeça, que nos ensina a andar pelos caminhos eternos, não nos pertencemos mais, somos raça eleita, separada, servos de um Deus que é soberano e a ele devemos toda honra e obediência. É urgente o resgate da visão triuna da igreja, como povo, corpo e edifício, isto é, povo de Deus, corpo de Cristo e morada do Espírito Santo, onde Cristo é o fundamento e cabeça.

Rev. Francisco Jonatan Soares
Pastor auxiliar da 2a. Igreja Presbiteriana de Fortaleza